O dinamarquês Hans Chistian Andersen (*1805 +1875) é mais conhecido por suas historias infantis , mas também deixou uma vasta obra em outros campos da literatura, como teatro, cancões e contos fantásticos. Este conto que segue é uma bela obra deste autor que ainda encanta gerações.
É nas terras quentes que o sol arde realmente! As
pessoas ficam cor de mogno, de tão morenas; inclusive, nas mais quentes delas,
ficam negras. Mas foi apenas para as terras quentes — e não para as mais
quentes delas — que se dirigiu um sábio vindo das terras frias; ele achava que
lá poderia perambular como costumava fazer em seu próprio país, mas em pouco
tempo se desiludiu. Ele e todas as pessoas sensatas tinham de ficar dentro de
casa, com os batentes das janelas e as portas fechados o dia inteiro; a
impressão que se tinha era de que a casa inteira dormia, ou de que não havia
ninguém. A rua estreita de casas altas onde ele morava também era construída de
forma a ser banhada pela luz solar da manhã até a noite. Impossível sair! O
sábio vindo das terras frias — um jovem, um homem inteligente — tinha a
sensação de estar sentado sobre um forno repleto de brasas; aquilo o afetou,
ele ficou muito magro, até sua sombra murchou, ficou bem menor do que era
antes, o sol também a consumira. Só à noite, depois que o sol se punha, os dois
recomeçavam a viver.